terça-feira, 31 de julho de 2012

Jogo ilegal se combate com o jogo legal - 31/07/12

Praticamente, todos os executivos que trabalham com jogo estão cansados de saber que a melhor forma de se enfrentar o jogo clandestino é através da legalização e regulamentação das modalidades que são operadas na ilegalidade.
A reportagem em destaque sobre o jogo na Itália, produzida pela Reuters, comprova mais uma vez esta tese, pois a regulamentação do jogo gerou novas receitas para o Estado e minou o mercado de jogo ilegal dominado pelo crime organizado.
Ainda segundo a reportagem, a legalização total do jogo na Itália gerou uma arrecadação de 80 bilhões de euros e também alguns problemas com a patologia. Na medida em que se aumenta a oferta de jogo, há também um incremento na patologia, mas depois este índice reduz e fica dentro dos padrões mundiais, que é de 2 a 3%.
Percentuais sobre a patologia na Europa
Recentemente, a diretora da Divisão Legal da Santa Casa de Misericórdia de Lisboa (SCML), Ana Paula Barros, que se preocupa muito com a questão do “Jogo Responsável”, comentou com o blog sobre os novos números da patologia no mundo. A dirigente comentou que os percentuais de apostadores patológicos são definidos pela oferta de jogo. “Em Portugal os adictos representam 1,9%, na Inglaterra são 5% e na Itália, que tem uma oferta maior de jogo, eles são 7% do total de apostadores”, revelou.

Em crise, italianos buscam saída no jogo
A regulamentação do jogo gerou novas receitas para o Estado e minou o mercado de jogo ilegal dominado pelo crime organizado, o mais destrutivo problema econômico e social na Itália
Mesmo em um período de profunda crise econômica, a promessa de um "bilhete premiado" espreita em cada esquina italiana. A Itália é, hoje, o maior mercado europeu de apostas e um dos maiores do mundo, comprometendo os gastos dos consumidores na terceira maior economia da zona do euro num momento de severa recessão e empurrando um número crescente de viciados em jogos de azar para as ruas.
"Na atual algo desesperada Itália, as pessoas apostam esperando um milagre", disse Andrea Riccardi, ministro italiano de Cooperação Internacional e Integração, à Reuters. Riccardi é um dos fundadores da Santo Egídio, uma instituição de caridade cristã em Roma cada vez mais inundada de problemas dos viciados em jogo desde que a Itália começou a relaxar a regulamentação para o setor, duas décadas atrás.
Inicialmente, o novo setor gerou bem-vindas receitas para o Estado e minou o mercado de jogo ilegal dominado pelo crime organizado, o mais destrutivo problema econômico e social na Itália.
Mas as receitas aumentaram apenas marginalmente, ao passo que o volume de apostas mais que quadruplicou desde 2001, para 80 bilhões de euros no ano passado, e a máfia simplesmente migrou suas atividades para o jogo legal. Ministros do governo, como Riccardi, e alguns parlamentares argumentam que a desregulamentação foi longe demais e querem mais regras, mas ninguém está propondo uma reversão dramática.
Para o primeiro-ministro Mario Monti, que chegou ao poder em novembro prometendo reformar a moribunda economia italiana por meio de desregulamentação, a história da liberalização do jogo é uma espécie de fábula com moral admonitória.
A desregulamentação do jogo começou em 1992, quando a Itália tinha extrema necessidade de novas receitas fiscais durante uma crise econômica muito semelhante àquela em que se encontra hoje. A crise acelerou sob o antecessor de Monti, Silvio Berlusconi, quando este assumiu o poder em 2001.
Mas a arrecadação não está aumentando na mesma proporção que o volume das apostas. A receita tributária foi superior a 8,5 bilhões de euros no ano passado, mas cresceu menos de 3 bilhões de euros entre 2001 e 2011, ao passo que os gastos totais dos consumidores com o jogo tiveram um crescimento de 60 bilhões de euros, segundo dados da agência estatal de supervisão do setor.
Os italianos pagam um imposto de 21% na aquisição da maioria dos bens de consumo não alimentícios, mas as empresas no setor de jogos de azar pagam baixos impostos para criar incentivos ao setor. O imposto médio sobre as receitas do jogo foi inferior a 11% em 2011.
Embora muitos economistas estimem que a economia italiana contrairá cerca de 2% neste ano, acredita-se que a receita do jogo crescerá mais de 12%, para mais de  90 bilhões de euros, ou 5% do Produto Interno Bruto (PIB) do país.
Estimativas divulgadas pelo setor de jogos de azar italiano indicam que o país gerou cerca de um quarto da receita de jogos em todo o mundo em 2010 - a qual atingiu um total de US$ 368 bilhões.
Mais pessoas estão jogando hoje do que em qualquer momento passado, 700 mil italianos são viciados em jogo e os 400 mil caça-níqueis eletrônicos arrecadam mais de metade de todas as apostas, segundo o Eurispes, um instituto romano de pesquisas que estuda questões políticas, econômicas e sociais.
Durante os primeiros três meses do ano, com a queda nos gastos do consumidor e o aprofundamento da recessão, a Lottomatica, única empresa de capital aberto detentora de uma concessão para explorar o jogo no país, registrou um trimestre recorde, tendo as apostas nas máquinas italianas crescido mais de 35%, para 3,2 bilhões de euros, disse seu presidente-executivo, Marco Sala.
A duas maiores casas de apostas na Europa, Paddy Power e William Hill, abriram cassinos on-line na Itália, no ano passado.
Clique aqui e leia mais sobre a reportagem do Valor Econômico - Por Steve Scherer - Reuters, de Roma.
fontes: BNL / Valor Econômico / Reuters

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